11 junho, 2012

Subproduto de Rock - Conto (Parte II)


Naquele dia, um pouco mais tarde, João saiu. Fora passear com os amigos, beber algo em um barzinho qualquer. A farra estava boa, a animação era grande, mas João sentia falta de algo. Levantou-se e se dirigiu ao senhor que cuidava do bar. Trocou duas três palavras e o homem saiu. João batucou na mesa, parecia esperar. Logo o homem voltou, carregava agora uma guitarra e um violão, João sorriu, parecia criança quando ganha presente.

Começaram a tocar. João, com sua voz rouca, cantou Noel Rosa, Dalva de Oliveira e até Rita Lee. Era uma alegria que só.  E a hora foi se avançando, gente entrava e gente saia; uns ria, outros pediam mais uma daquela banda preferida, e tudo que sabiam eles tocavam. Até que o bar esvaziou-se de vez, apenas dois homens alheios resistiam. A noite já caía forte lá fora.

“João, meu filho. Já tá quase na hora de fechar.” Avisou. Mas João nem sequer deu importância.
O outro homem, que por coincidência trabalhava com essas bandas novas que surgiam, de João se aproximou. “Menino, que voz é essa que você tem.” João agradeceu. Ficava todo bobo quando lhe elogiavam assim. “Meu nome é Francisco, muito prazer” João pegou na mão do rapaz e lhe disse seu nome. “Pois bem João, eu conheço uns garotos que tocam muito bem e que estão atrás de um rapaz pra cantar, você se interessaria?” Ah, mas João quase gritou que sim. Pegou novamente na mão do rapaz, combinou horário e local e viu o homem sair. Se sentimental fosse, João choraria. Pegou os instrumentos, entregou ao senhor do bar, sorriu e pendurou a conta.

No outro dia, cedo João acordou. Levantou, até a cama arrumou, cantarolou, parecia ensaiar. Pegou a mochila quase vazia e ainda assim cheia e partiu. Até a mãe estranhou. Comentou com o marido “João está estranho Agenor”, mas o pai pareceu não se importar e lendo seu jornal ele continuou.

João chegou ao tal lugar, parecia uma garagem qualquer. Tocou a campainha e esperou. Um moço magrinho apareceu, gritou um “Pode entrar” e lá se foi João, com a alegria no rosto e o nervoso na alma.
Apresentaram-se, era mão pra cá, nome pra lá, mas era na música que João estava interessado. Os garotos eram quatro: bateria, teclado, baixo e guitarra. E agora João, que cantou três músicas e aos outros encantou. Passaram a tarde rindo e cantando. Hora paravam, bebiam uma ou duas cerveja, e voltavam a fazer som.

Naquele dia João voltou cedo pra casa. Beijou a mãe, cumprimentou o pai, cantarolou no chuveiro e dormiu. Não acordou cedo, mas também não preciso que sua mãe lhe chamasse. Saiu sem comer nada, só com o café no estomago. Foi se encontrar com seus amigos de banda. Ah, e João estava tão feliz. Ele sentia a alma transcender só de tocar o microfone. Elevava a alegria que residia em teu peito flamejante. 

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